História

A construção e o nome Mário Filho

Então, em 1948, foi iniciada a construção do maior estádio de futebol do planeta. Estima-se que o custo total foi de 250 milhões de cruzeiros para montar a arquitetura oval icônica, com 32 metros de altura e eixos de 317 e 279 metros e a capacidade de receber cerca de 200 mil pessoas.

O Maraca foi inaugurado como Estádio Mendes de Moraes (prefeito do Rio de Janeiro) ou Estádio Municipal do Derby (o terreno usado na construção foi o do Derby Club da Tijuca, onde havia corridas de cavalo na época). Mas logo virou Maracanã devido às aves que ali viviam, chamadas de Maracanã-guaçu, e ao Rio Maracanã, que cruza a Tijuca.

No primeiro jogo oficial no estádio, um duelo entre seleções Carioca e Paulista, com direito ao gol inaugural de Didi, que jogava no Fluminense. Mas, no fim, deu São Paulo: 3 x 1. E na final da Copa, todo mundo sabe, vitória do Uruguai sobre o Brasil, em um dos mais tristes dias da história do Templo do Futebol.

O nome Estádio Jornalista Mário Filho veio só em outubro de 1966, em homenagem a um dos maiores incentivadores da construção do estádio. Irmão de Nelson Rodrigues, Mario Filho fez grande campanha para o Maracanã ser ali. Na época, havia uma vontade de construir o palco da final da Copa em Jacarepaguá.

Mas ele foi voz ativa na imprensa para convencer a cidade e o país de que era possível tê-lo enorme, maior do que o Pacaembu, ali pertinho do Centro do Rio, com uma facilidade de acesso incrível - algo celebrado pelos torcedores até hoje.

Década de 50

Os anos 50 ainda receberam outros eventos marcantes. A começar pelo primeiro Campeonato Estadual da história do estádio, vencido pelo Vasco da Gama em 1950. Em 1951, o duelo entre Hélio Gracie e Masahiko Kimura, em 1951, marcou a história das artes marciais. A vitória de Kimura foi por uma chave de braço que ganhou seu nome e até hoje é um dos golpes mais famosos das lutas, a Kimura.

Naquele mesmo ano, ainda disputou-se a Copa Rio, o Mundial de Clubes da época, vencido pelo Palmeiras e, no ano seguinte, pelo Fluminense. De 1953 até 1955, o Flamengo reinou no Campeonato Carioca, tornando-se o primeiro tricampeão do Maraca. Nos dois anos que se seguiram, brilharam o Botafogo e Garrincha, que consolidava-se como o grande talento do futebol brasileiro da época.

Até o surgimento de Pelé. Que também se destacou pela primeira vez em termos nacionais aqui! Em 1957, com apenas 16 anos, estreou pela Seleção Brasileira no Maracanã e marcou logo um gol. Foi em 7 de julho de 1957.

Vale lembrar que o Maracanãzinho também foi inaugurado nessa década, em 1954, e recebeu dois shows de Nat King Cole em abril de 1959.

Década de 70

Logo no ano seguinte, o Fluminense conquistou o seu Brasileiro. Diante de mais de 112 mil pessoas, empatou com o Atlético e levantou a Taça de Prata, também conhecida como o Torneio Roberto Gomes Pedrosa (Robertão) de 1970. 

Em 1971, Pelé, que viveu alguns de seus grandes momentos por aqui, escolheu o estádio para mais um: sua despedida oficial dos gramados. Um amistoso que terminou empatado em 2 a 2 entre Brasil e Iugoslávia.

Mesmo ano do primeiro Campeonato Brasileiro realizado com o nome que conhecemos até hoje, cuja final foi aqui, com vitória do Atlético-MG sobre o Botafogo.
Em 1974, foi a vez de o Vasco conquistar o Brasileirão - o primeiro carioca e vence-lo já nessa nova era.

Nos títulos cariocas da década, Fluminense, Botafogo e Vasco se revezaram até um gol inesquecível para a torcida do Flamengo: a cabeçada de Rondinelli na final de 1978 - vista como muitos como o início da Geração de Ouro Rubro-Negra, que faria história nos Anos 80.

Quem também se eternizou aqui a partir dos Anos 70 foi o Bom Velhinho. As festas de final de ano com a chegada do Papai Noel ao estádio se iniciaram nessa década e viraram uma das grandes tradições do Maracanã pelos anos que se sucederam.

E o que dizer do Maracanãzinho, que recebeu nada menos do que Jackson 5 em 1975?

Década de 80

Quatro títulos brasileiros (1980, 1982, 1983 e 1987), dois Cariocas (1981 e 1986) e ainda uma Libertadores (em 1981, que viria a resultar no Mundial em Tóquio). A Década de 80 foi especial para o Flamengo por aqui. O maior período da história do clube está ligado à minha história.

E não foi só o Rubro-Negro que viveu grandes momentos aqui nos Anos 80. A Máquina Tricolor do Fluminense conquistou o tricampeonato carioca de 1983 até 1985 - vencendo o Flamengo em duas das finais, com show de Washington e Assis. O Vasco foi bicampeão em 1987 e 1988, também derrotando o Rubro-Negro, assim como o Botafogo em 1989. 

Só que o Maracanã foi muito além do futebol nessa década. Em 1980, recebeu um showzaço de Frank Sinatra, que colocou o Rio como destino de sonho para muitos dos principais artistas internacionais da época. Naquele ano, o Papa João Paulo II também marcou presença aqui, e celebrou uma missa para dezenas de milhares de pessoas.

Em 1983, foi montada uma quadra de vôlei no estádio, para um jogo entre a Seleção Brasileira e a URSS. E o que dizer do show da banda Kiss, que dizem as “más-línguas” (com o perdão do trocadilho), teve 250 mil pessoas por aqui? Em 1988, foi a vez de Tina Turner, que trouxe nada mais nada menos do que 188 mil fãs ao estádio.

O Maracanãzinho também aproveitou a onda de shows de grandes estrelas internacionais nos Anos 80. Earth, Wind & Fire, Van Hallen, The Police, The Cure, James Brown, Metallica, Cyndi Lauper... Todos abrilhantaram o ginásio com suas presenças. Além, claro, de uma série de nomes famosos da música brasileira, como Rita Lee, Lobão, Lulu Santos, Titãs e Legião Urbana.

Em 1989, dois eventos históricos: a Copa América, que teve a Argentina de Maradona sendo derrotada pelo Brasil na final, e as Eliminatórias pra Copa de 1990, com o famoso episódio da Fogueteira no jogo contra o Chile.

Uma década movimentada e cheia de eventos marcantes na história do Maior do Mundo.

Década de 90

Em 1991, o ápice dos shows no estádio. A Cidade do Rock foi aqui! Durante nove dias do mês de janeiro, tomado por centenas de milhares de pessoas, o Maracanã recebeu o Rock In Rio II, com as principais atrações da música brasileira e internacional. Inesquecível, histórico, eterno!

Em 1992, a alegria da final carioca do Brasileirão entre Flamengo e Botafogo contrastou com a tristeza por um acidente na arquibancada com os torcedores do Flamengo. O Rubro-Negro foi campeão, mas essa também será sempre uma nota triste na história do estádio.

No ano seguinte, o Botafogo conquistou a Copa Conmebol e o Brasil viu Romário dar show na derradeira partida das Eliminatórias para a Copa de 1994. Ele destruiu o Uruguai, garantiu a Seleção no Mundial e, nos Estados Unidos, todos sabem bem o que ele fez, né? É TETRA! No mesmo ano, houve uma reforma pensando na segurança dos torcedores e nos jogos com um maior apelo no estádio.

O Vasco da Gama foi tricampeão carioca entre 1992 e 1994, e em 1995 Renato Gaúcho fez o famoso “Gol de Barriga” que deu ao Flu o troféu em final emocionante contra o Flamengo, que celebrava seu centenário. Mesmo ano em que o Botafogo voltou a conquistar o Brasileirão, no embalo de Túlio Maravilha, artilheiro que fez história por aqui.

Em 1997, foi a vez do Vasco ser o melhor do Brasil. Com um ano histórico de Edmundo e uma decisão acirrada contra o Palmeiras. No mesmo ano, o Grêmio venceu o Flamengo na final da Copa do Brasil. Em 1999, foi o Juventude quem derrotou o Botafogo na decisão.

Década de 2000

O primeiro Mundial de Clubes realizado pela FIFA foi aqui. Houve uma obra grande para que o estádio recebesse cadeiras em todos os setores - criando os setores que ficaram famosos na época como Arquibancada Amarela, Arquibancada Branca e Arquibancada Verde. E a final foi brasileira: Corinthians x Vasco, com os paulistas levando a melhor nos pênaltis. Mas o Vasco se recuperou, conquistando o Brasileirão daquela temporada - cuja final foi aqui em 2001.

O ano de 2001 também foi histórico para os flamenguistas, que viram o Mengo conquistar um tricampeonato carioca, derrotando o Vasco nas três decisões (1999, 2000 e 2001), com claro destaque para o famoso “gol do Pet”. No fim do ano, ainda teve show dos Backstreet Boys.

O Flamengo viveu a emoção da Copa do Brasil em três decisões por aqui nessa década. Foi derrotado por Cruzeiro e Santo André em 2003 e 2004, mas venceu o Vasco em 2006. Num ano em que levantamos poeira por aqui, com a gravação do DVD de Ivete Sangalo! Já com o estádio reformado, com cadeiras numeradas no local das gerais e o gramado rebaixado.

Era o esquenta para o histórico Pan de 2007. O Rio de Janeiro recebeu seu primeiro grande evento esportivo numa sequência que levaria aos Jogos Olímpicos de 2016. E foi histórico - desde a abertura ao encerramento, com destaque para a medalha de ouro de Marta, Cristiane e cia no Futebol Feminino.

Em 2008, a primeira final de Libertadores da história do Maracanã. Vitória da LDU sobre o Fluminense nos pênaltis. No mesmo ano, Madonna, que já havia feito um show aqui em 93, voltou e fez uma mega concerto celebrando sua carreira.

Em 2009, o Flamengo voltou a conquistar o Brasileirão depois de 17 anos. Enfim, o grito de hexa, que veio depois de mais um tricampeonato estadual - de 2007 a 2009. No fim do ano, Roberto Carlos comemorou 50 anos de carreira com um show inesquecível, debaixo de chuva, com o estádio lotado.

Década de 2010

A cavadinha de Loco Abreu marcou o título carioca de 2010. O último do Maracanã antes de uma grande reforma que se iniciou para a Copa do Mundo de 2014. Depois de três anos com muito trabalho e enorme expectativa, o estádio foi reinaugurado com um amistoso entre Brasil e Inglaterra, que terminou empatado em 2x2.

Ainda naquele ano, a Seleção voltou a levantar um troféu por aqui: a Copa das Confederações de 2013, com uma atuação incrível contra a favorita Espanha numa vitória de 3x0. E em outra Copa, a do Brasil, deu Flamengo sobre o Athletico, com o Rubro-Negro celebrando o primeiro título de um clube por aqui após a reforma.

O mesmo aconteceu no Campeonato Carioca, em 2014, também vencido pelo Flamengo. Mas 2014, é claro, foi marcado mesmo pela Copa do Mundo do Brasil. E na segunda final de Copa por aqui, enfrentaram-se Alemanha e Argentina. Após um jogo muito pegado, Götze decidiu o título para os alemães na prorrogação. Diante de mais de 74 mil torcedores, no meu maior público desde a reforma.
O Maraca recebeu, ao todo, sete partidas do Mundial. Em 1950, haviam sido 8. Ou seja, já são 15 jogos de Copa disputados por aqui. Por isso, o Maracanã é o segundo estádio do mundo com mais jogos da competição, atrás apenas do Azteca, no México, que recebeu as Copas de 1970 e 1986, totalizando 18.

Sem conquistar um título Carioca desde 2003, o Vasco voltou a levantar a taça em 2015, e foi bicampeão em 2016. Outro ano extremamente especial para a história do Maracanã, afinal ele recebeu as Cerimônias de Abertura e Encerramento dos Jogos Olímpicos Rio 2016, além das emoções da inédita conquista da medalha de ouro do futebol brasileiro.

A chama olímpica chegou ao estádio com grande festa, a abertura foi histórica e o Rio viveu dias mágicos. A festa feita pela delegação, o Maracanãzinho recebendo o vôlei, Neymar se consagrando com o ouro. Foi incrível! E no fim do ano ainda teve a volta dos Rolling Stones, que haviam tocado aqui em 1995, para um baita show.

No ano seguinte, o Independiente da Argentina conquistou a Copa Sul-Americana contra o Flamengo. Só que a decepção rubro-negra viraria uma das maiores euforias já vividas pelo clube, dois anos depois. Em 2019, o Mengo conquistou o Campeonato Carioca, o Brasileiro e também a tão sonhada Libertadores.

No Brasileirão, a partida da entrega da taça foi uma goleada sobre o Ceará com casa cheia, após o Rubro-Negro ser campeão sem sequer entrar em campo, graças a uma combinação de resultados - que aconteceu enquanto a equipe celebrava o título continental. A decisão não foi aqui, visto que foi a primeira vez que a Conmebol fez uma final única para a Libertadores, mas o caminho até o título sim. Inclusive a semifinal inesquecível com um 5x0 sobre o Grêmio.

Década de 2020

E 2020 começou como acabou 2019. Com o Flamengo fazendo história. Conquistou a Recopa, o Estadual e de novo o Brasileiro. Só que nesse ano o Maraca viveu um momento que nunca ninguém imaginaria. Assim como o Brasil e o mundo. Uma pandemia assustou o planeta e fez centenas de milhares de vítimas no nosso país.

As atividades pararam por meses e, quando retornaram, foram com protocolos rígidos para garantir a saúde e segurança de todos. Com jogos sem público desde meados de 2020 até praticamente o final de 2021, vivemos dias muito difíceis.

Mas as coisas foram voltando ao normal, até que em 2022, voltamos a ter um Estadual com casa cheia, com o Fluminense se sagrando campeão exatos dez anos após seu último título da competição.

Agora, a história continua! Que venham as próximas emoções de 2022, 2023, 2024…